Dicas da Chapada dos Veadeiros

Conhecido por suas visões, certa vez Dom Bosco (Giovanni Melchior Bosco, 1815-1888) viu, entre os paralelos 15 e 20 do hemisfério Sul, um lugar de muita riqueza, próximo a um lago. Esse lugar foi atribuído por alguns intérpretes como sendo a localização onde foi erguida Brasília.

O sonho/visão de Dom Bosco também serviu de inspiração para o filósofo, jornalista, escritor, pesquisador, gestor público e professor Osvaldo Della Giustina, que a partir de parcerias com o Ministério do Turismo e os governos do Distrito Federal e dos estados de Goiás e Tocantins, e ainda a colaboração de consultores, entre eles o diretor da Tekoá Brasil, Marcos Luz, elaborou o projeto “O Caminho de Dom Bosco – Um roteiro para o Centro do Mundo”.

Lançado há 16 anos, este roteiro místico-religioso percorre 78 atrativos entre Brasília e Caseara (TO), no Parque Estadual do Cantão, passando pelas belezas da Chapada dos Veadeiros. Hoje, os caminhos estão divididos entre vários roteiros menores, sendo os que envolvem Veadeiros os mais procurados, envolvendo natureza, por sintetizarem a união entre natureza, misticismo e cultura, uma das propostas do Caminho de Dom Bosco.

O Roteiro

O projeto, desenvolvido em suas duas etapas iniciais pela Organização Não Governamental Natureza Mística (ORNAM) surgiu para evidenciar o misticismo da região central do Brasil a partir de três dimensões: a natureza em sua multiplicidade de biomas, de paisagens, de águas; a cultura na variedade de seus povos, de suas origens, de seus costumes, de suas arquiteturas e seus relacionamentos; a espiritual, na variedade de suas crenças, de seus rituais, da religiosidade de seu povo.

O relatório preliminar do projeto, com todo levantamento socioeconômico da região, mesmo defasado pelo tempo traz informações importantes para o entendimento do turismo como fator de desenvolvimento social de comunidades interioranas, quilombolas, indígenas, ribeirinhas.

“Há muitas formas de percorrer um caminho. Uns se retiram, outros giram em torno de si mesmos. Há os que meditam, os que peregrinam, os que louvam e os que silenciam; há os que estudam, os que contemplam, os que rendem graças e há os que gravam no coração”, reflete o jornalista Valério Azevedo, coordenador do projeto de pesquisas Roteiro Místico Para o Centro do Mundo.

Para ele, o conjunto de atrativos articulados por meio desta turística é, também, um meio pelo qual podemos alcançar a transcendência dos processos internos da nossa evolução. “Para percorrê-lo é necessário apenas aceitar a condição mística que existe em nós mesmos e em cada um. Da realidade que nos rodeia: o místico da terra ou da natureza, o místico da sociedade e das culturas, o místico da diversidade de ritos e crenças que nos transporta ao religioso, à reconexão com o Absoluto”, completa.

Osvaldo Della Giustina, colocar o roteiro completo em execução depende de um esforço conjunto entre os setores privado e público. “Falta quem abra os olhos para a oportunidade financeira, cultural, espiritual do roteiro, que entenda sua dimensão e importância e mova os fatores capazes de partir do projeto para sua plena execução, uma vez que, parcialmente, ele vem acontecendo, pelo esforço de alguns que já abriram os olhos”, conclui.

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