O queijo de Minas e o leite fresquinho, assim como a massa de tapioca deliciosa que servimos no café da manhã da Pousada Casa de Shiva têm sabores de fazenda, de sustentabilidade e de orgulho dos produtos goianos!
Estas delícias são fruto da parceria com Seu Naná e Dona Nice, um casal adorável e muito trabalhador que pode ser encontrado todos os sábados na Feirinha de Alto Paraíso. Lá, eles também comercializam pães, pão de queijo, bolo de mandioca e muito mais.
Estevão Naves Bernardes Rabelo, o Naná, e Aldenice Aparecida Saraiva Bernardes, a Nice, há 37 anos cuidam juntos de uma bela fazenda de 150 alqueires, no Vale do Moinho. Do total, 70 alqueires são utilizados para criação de animais e agricultura familiar, tudo dentro das regras da Área de Preservação Ambiental existente para proteger nascentes de rios como o Areião e o São Bartolomeu. O restante das terras está preservado.
Acredite, o casal não tem funcionários. Acorda todos os dias às 4 horas e vai dormir por volta das 20 horas, para dar conta do recado. O resultado é uma fazenda cuidada com carinho, onde o gado tem nome e é alimentado em áreas divididas (piquetes) para não esgotar a terra, a ordenha não é mecanizada e os cruzamentos são naturais.
Os mesmos cuidados são oferecidos às galinhas caipira e D’Angola e aos porcos, assim como os peixes criados em tanques, cada um para uma finalidade: engorda, pesque pague, pesca esportiva, em boa variedade. Neste último, tem até tucunaré, uma das preferências dos pescadores. Sempre que um é pescado, Seu Naná faz questão de verificar se sofreu ferimentos, deixa um tempo separado para se recuperar e somente depois libera para o tanque maior.
Vida sustentável
Na agricultura o carinho é o mesmo. A horta tem de tudo para uma boa salada: alface, tomate cereja, cebolinha, cenoura, açafrão da terra, couve, alho-poró, almeirão, pimentas. Tem, também, plantação de milho para a ração dos animais, feijão, feijão azuki e mandioca – aquela mesma usada para fazer tapioca e outras iguarias na Casa de Farinha da propriedade.
As frutas também são abundantes: manga, banana, limão, laranja, pêssego, acerola, jabuticaba, jaca, marmelo, que vira marmelada. “Aqui a gente só compra arroz, porque os passarinhos não deixam, comem tudo”, conta Naná, orgulhoso de sua produção autossuficiente e da preservação de árvores de lei, como o mogno.
“Criei e formei meus dois filhos com a fazenda”, lembra Naná, cuja mãe é uma senhora muito respeitada na região, dona Leonia Saraiva Bernardes, que ficou viúva ainda jovem e criou sozinha os cinco filhos.
Origem centenária
Os caules grossos de algumas mangueiras não deixam dúvidas de sua longevidade. Seu Naná conta que sua propriedade fazia parte da antiga Fazenda Bom Sucesso, cuja origem remonta há 300 anos, segundo registro paroquial localizado em Cavalcante.
Dona Nice revela que na fazenda havia plantio do trigo veadeiros, uma variedade adaptada à região da Chapada dos Veadeiros que quase desapareceu com a introdução de novas variedades. Era criança quando o pai do Naná teve que queimar toda a produção por causa de uma praga. “Não se plantou mais trigo depois disso”, lembra ela, que tem cinco netos. “O mais velho não deixo ligar celular, tem que aprender como plantar, colher, cuidar dos animais.”
Turismo
A fazenda já esteve em rotas turísticas, mas fechou a porteira por conta da pandemia de Covid-19.
Recentemente, recebeu um grupo de jovens de outros estados e costuma aceitar agendamento para almoço caipira, com dois tipos de carne, entre gado, porco, galinha, peixe, mas também tem opções para os vegetarianos.
Mas só no meio da semana, pois sexta é dia de preparar os produtos que serão levados à feira no sábado: mais de 100 pães de abóbora, batata e preto (com farinha integral e linhaça), pelo menos 80 pacotes de 800 gramas de tapioca, pelo menos 70 queijos e os demais produtos.
Quando vão abrir definitivamente suas portas aos visitantes, o casal ainda não sabe. Cheios de sonhos, eles ainda querem fazer uma casa de queijo, produzir gás metano a partir dos resíduos do gado e apresentar outras novidades.
Aguardamos ansiosos!
